A cirurgia de remoção da adenoide e das tonsilas palatinas (amígdalas palatinas) é chamada de Adenoamigdalectomia. Esta cirurgia tem como principais indicações o volume aumentado de adenoide e amígdalas, as infecções recorrentes das amígdalas e até mesmo da adenoide e dos ouvidos...
Noções gerais
A Adenoamigdalectomia tem como principais indicações o volume aumentado de adenoide e amígdalas, as infecções recorrentes das amígdalas e até mesmo da adenoide e as otites recorrentes.
É feita sob anestesia geral, no centro cirúrgico e tem um tempo de duração de aproximadamente 1 hora. Costumo explicar para os pacientes que quanto ao tempo de duração deve-se comparar a cirurgia a uma viagem de avião, na qual há o check in, a entrega das malas, a espera na sala de embarque, a subida no avião e aí a decolagem, e depois a descida, a saída do avião, a espera pelas malas e então a saída do aeroporto… Todo este tempo antes da decolagem e após o pouso pode demorar até mais tempo do que a própria viagem…. Assim pode ser esta cirurgia: é necessária montagem dos materiais na mesa cirúrgica, assepsia do paciente, colocação dos campos cirúrgicos para então se iniciar a cirurgia propriamente dita. A anestesia geral inicia-se por uma anestesia inalatória, para fazer o paciente dormir e depois é que é pega a veia para serem administradas outras medicações. O processo é bastante tranquilo e sob o controle do anestesista da minha equipe). O “acordar” da anestesia também pode não ser imediato ao final da cirurgia, o que pode fazer com que o tempo total de entrada e saída do paciente do centro cirúrgico possa ser bem maior que 1 hora.
Riscos
Não há nenhum procedimento cirúrgico sem riscos. Esta cirurgia é feita com bastante freqüência pelos otorrinolaringologistas no entanto, não está isenta de riscos e complicações. Os principais riscos são sangramento e complicações anestésicas, as quais devem ser contornadas com medidas simples como pontos, cauterizações e medicações endovenosas.
Orientações Pré-Operatórias
O jejum deve ser absoluto pelo menos 8 horas antes da cirurgia, costumo dizer “zíper na boca”, ou seja, nem um simples gole de água. Isto é extremamente importante para o bom andamento da anestesia no intra-operatório. Evitar medicações que possam “afinar” o sangue e, conseqüentemente, favorecer o sangramento (como AAS, Aspirina e Melhoral). Se aparecer qualquer sintoma de doença, como sintomas gripais, tosse ou febre, o cirurgião deve ser informado para definir se é motivo ou não para a cirurgia ser adiada.
Orientações Pós-Operatórias
Logo depois da cirurgia, a criança pode ficar várias horas sonolenta, dormindo e também pode ter alguns períodos de agitação, em conseqüência da anestesia que tomou. Além disto, pode ainda apresentar alguns episódios de vômitos com sangue, o que está dentro do esperado uma vez que pode ter engolido sangue durante a cirurgia e o mesmo provoca um efeito nauseante no estômago, até ser eliminado por completo.
Quando a cirurgia é somente para remoção da adenoide e não das amígdalas concomitantemente, o pós operatório requer poucos cuidados especiais: lembrar de não comer nada quente nas primeiras 72 horas, não tomar sol na primeira semana pós cirurgia e banhos devem ser mornos e rápidos, sem formar uma “sauna” no banheiro... A alimentação, apesar de ter que ser fria, pode ser sólida, líquida ou pastosa.
Já quem opera as amígdalas, requer redobrada atenção à alimentação. Os alimentos devem ser obrigatoriamente líquidos ou pastosos (todos os sólidos devem ser batidos no liquidificador), frio ou gelado (não pode nada quente e nada duro) até segunda ordem. Isto é extremamente importante pois o desrespeito a esta ordem pode lesar a ferida operatória e precipitar sangramentos, além de aumentar a dor do paciente.
Sente-se Alguma Dor?
Muitos pacientes me perguntam se a cirurgia dói. No intra-operatório, é garantido que não. No pós operatório, a dor sempre é mais intensa para os pacientes mais velhos, digo adolescentes e adultos. Isto se deve ao fato das amígdalas destas pessoas já estarem mais aderidas à parede da faringe pelas infecções recorrentes ao longo da vida. Mas mesmo referindo-se à criança, um pouquinho de desconforto existe, o que pode ser controlado com medicações analgésicas a cada 3 horas. Comparo esta dor à mesma que deve-se sentir ao lavar a mão quando temos um corte recente nela.... a região das amígdalas não pode ser “inutilizada” nem no pós operatório imediato! Precisamos continuar nos alimentando, falando e ...respirando pela região operada!!!!
Por isso é de extrema importância a administração das medicações contidas na receita após a alta, a cada 3 horas. Não dê somente se a criança reclamar de dor....não espere isto acontecer... Dê a cada 3 horas para permitir que a criança consiga se alimentar, pelo menos nos primeiros 3 dias. Depois destes primeiros dias, os pais devem ir “sentindo” o estado geral da criança e, na medida que perceberem que ela está cada vez mais querendo se alimentar, falar e brincar, é hora de tentar ir diminuindo a medicação, espaçando os intervalos entre as doses.
Importante
Por último, não queira que a criança recém operada queira comer a comida mas nutritiva e “forte” que está habituada a comer... fique satisfeito com pequenas quantidades mas várias vezes por dia, mesmo que não queira comer nada pastoso, pelo menos líquidos devem ingerir para se não desidratar.
O paciente pode ficar subfebril (até 37,8 ºC) nos dias subsequentes à cirurgia, isto está dentro do esperado.
Existem crianças que logo no primeiro dia já querem se alimentar, não reclamam de dor e choram porque querem mais e mais comida.....outras já requerem mais atenção, ficam dois a três dias com mais dificuldade de se alimentar, o que é contornado com outras possibilidades de medicações. O cirurgião deve ser informado sobre qualquer intercorrência no pós-operatório, qualquer dúvida, por mais simples que seja deve ser compartilhada com o médico.
A boa relação médico-paciente é de fundamental importância para o bom andamento do pós operatório nesta cirurgia tão frequente em crianças.
Retorno ao consultório
O retorno ao consultório deve acontecer com 1 semana de pós operatório. Os pontos que são dados no local onde as amígdalas foram removidas caem sozinho, o que já deve ter ocorrido nesta primeira semana.